O Profeta resolve os problemas.
Fui contratado pelo Governo. Yah, eles apareceram cá em casa a pedir-me ajuda. Ao início olhei assim um bocado de esguelha e pensei: "O que é que estes gajos querem de mim, agora?! O caso
já foi arquivado! Não fui eu!", mas depois é que me expuseram o caso. O que se passava é que eles estavam naturalmente preocupados com a elevada taxa de mortalidade nas estradas portuguesas. "Porquê? Acham que está demasiado baixa? Não há problema, eu trato disso" - disse eu, eles rapidamente esclareceram que era o oposto. Eles queriam que eu ajudasse a resolver o problema, que contribuísse para a descida da taxa. Cada um com a sua tara, não tenho nada a ver com isso. Eu disse que apenas faria isso se me passassem um documento com selo do Presidente, e do 1º Ministro a dizer que não preciso de dinheiro. Uma espécie de carta-branca válida para o território nacional. Podia simplesmente entrar numa loja, mostrar o documento e levar tudo o que eu quisesse sem pagar nada. "E o pobre comerciante!?", o Estado paga-lhes. Perfeito. O homem do Governo aceitou sem pensar duas vezes. Demos um aperto de mão. Não fiquei surpreendido ao reparar que o aperto de mão do Governo era daqueles moles, frios e suados. Não ficou bem na minha ficha.
já foi arquivado! Não fui eu!", mas depois é que me expuseram o caso. O que se passava é que eles estavam naturalmente preocupados com a elevada taxa de mortalidade nas estradas portuguesas. "Porquê? Acham que está demasiado baixa? Não há problema, eu trato disso" - disse eu, eles rapidamente esclareceram que era o oposto. Eles queriam que eu ajudasse a resolver o problema, que contribuísse para a descida da taxa. Cada um com a sua tara, não tenho nada a ver com isso. Eu disse que apenas faria isso se me passassem um documento com selo do Presidente, e do 1º Ministro a dizer que não preciso de dinheiro. Uma espécie de carta-branca válida para o território nacional. Podia simplesmente entrar numa loja, mostrar o documento e levar tudo o que eu quisesse sem pagar nada. "E o pobre comerciante!?", o Estado paga-lhes. Perfeito. O homem do Governo aceitou sem pensar duas vezes. Demos um aperto de mão. Não fiquei surpreendido ao reparar que o aperto de mão do Governo era daqueles moles, frios e suados. Não ficou bem na minha ficha.
Seja como for,pus mãos à obra. Fui para a minha cabana no meio da floresta e pus-me a pensar. Comia esquilos, fumava ópio e ocasionalmente caçava ursos. De repente, a resposta atingiu-me como um relâmpago. O problema não está nas pessoas a guiarem rápido demais, nem na falta de civismo, nem na ignorância das regras mais básicas do código de estrada... Não. O problema está na rádio. Sim. Na rádio. É que as estações de rádio têm que respeitar certas quotas, e têm que emitir uma certa percentagem de música portuguesa. E aí cai o Carmo e a Trindade. Imaginam que estão a conduzir a alta velocidade enquanto falam ao telemóvel na auto-estrada, estão a ouvir a última malha do Sean Paul ou dos Maroon 5 quando de repente começam a ouvir o Luís Represas a cantarolar as suas canções. Alguém disse narcolepsia induzida por ondas de rádio? Ding Ding! Tentem manter a pestana aberta enquanto ouvem o Luís... Ou Mafalda Veiga... Ou Paco Bandeira... Ou André Sardett... Ou Tony Carreira... Ou Fingertips... Ou UHF... Impossível.
Tendo a credibilidade que tenho, não precisei de apontar nada em papel nenhum, ou de apresentar provas científicas, simplesmente dirigi-me ao Governo com os meus resultados. Eles ficaram estupefactos - "Como é que nós nunca reparámos nisto!? LUIS REPRESAS!!". É com grande júbilo que digo que o final desta história é um final feliz. A GNR caçou o Luis Represas, a Mafalda Veiga, o Pago Bandeira, o André Sardett, o Tony Carreira, os Fingertips e os UHF... Levaram-nos para as traseiras de um armazém antigo e administraram uma bala na cabeça de cada um deles.
Digo também com orgulho que a mortalidade na estrada baixou para um óbito por ano inteiro. Curiosamente, este ano foi Paulo Gonzo que adormeceu enquanto cantarolava uma música do seu novo album.
Digo também com orgulho que a mortalidade na estrada baixou para um óbito por ano inteiro. Curiosamente, este ano foi Paulo Gonzo que adormeceu enquanto cantarolava uma música do seu novo album.
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