10/21/2006

Achei que deviam saber...

Nove horas da noite. Estava sentado na minha sala, junto à janela... Deitava um olhar sobre o meu império, sobre as minhas terras, sobre o meu domínio. É majestoso. Dei um gole num sublime Pinot Noir e pensei: "E depois? E quando eu morrer? Como é que o mundo vai ficar sem mim?". Mais tarde ou mais cedo temos que nos deparar com esta questão. A minha própria mortalidade. É praticamente inconcebível... Eu morrer... Mas acreditem ou não, eu também sou um ser humano, eu também irei tombar sob o peso dos anos. Escrevi um testamento, lamento informar-vos que não vou vos vou deixar nada. Está expresso no documento que eu serei cremado com todas as minhas posses. É tudo meu, eu paguei e trabalhei por tudo. Vocês não têm direito a nada. Querem um Rolls com tecto de abrir? Trabalhem.
Seja como for, vocês devem estar a pensar: "Ele vai ser cremado!?" Vou. Eu pensei que seria bom eu ser embalsamado e ficaria sentado na minha sala. A olhar o mundo para sempre. Seria empalhado numa pose imponente, que metesse respeito e medo nos corações dos mortais comuns. Seria fantástico. Mas se ser empalhado é assim tão bom, porque é que eu decidi pela cremação? Porque eu tenho medo que se fosse empalhado as pessoas me iam desenhar bigodes e escrever coisas na testa. As pessoas não têm respeito por nada. Mas se calhar estou só a ser paranóico... O mais provável é que com o meu falecimento, a minha casa fosse transformada num museu vigiado vinte e quatro horas por dia. Nesse caso ninguém me iria pintar um dente de preto para me fazer parecer desdentado. Seria infantil e insultuoso.
Estou cansado. Esta semana fiz duas actualizações. Acho que me deviam agradecer.
Vá, vou andando.
Beijinhos.

10/19/2006

Torradas

Venho desta forma anunciar que eu não raspo a parte preta da torrada quando a deixo queimar. É verdade. O que se passa é que as pessoas são cobardes... Fazem asneira e pensam que podem
remediar de qualquer forma... "Ah... é só raspar para o lava-loiças", mas não é! Não é só raspar para o lava-loiças! Há uma coisa muito bonita que vocês, os raspadores, têm que aprender: responsabilidade! Não sabem bem quanto tempo a vossa torrada demora para ficar apenas douradinha? Aprendam! Tentativa e erro. Tenham algum respeito... algum brio no vosso trabalho... Como é que conseguem olhar no espelho sabendo que nem uma torrada vocês conseguem fazer? O pior de tudo nem é falhar... Falhar é mau, eu nunca falho, mas o pior não é falhar... É sucumbir à vergonha e raspar o pão cheio de medo que alguém vos apanhe no meio do vosso fracasso... É perder toda a dignidade que vos resta, pegar no pouco orgulho que têm e arrastá-lo pela lama... Mas não desesperem... Meus amigos*, se seguirem os meus conselhos poderão ao menos viver até ao fim da vida sabendo que pelo menos tentaram... A próxima vez que vocês queimarem a torrada, barrem a parte carbonizada com metade do pacote de manteiga (a manteiga não pode ser daquelas anti-colestrol) e dêem uma dentada épica. Depois, de pulmões bem cheios gritem para todo o mundo - "Ahhh... Mesmo como eu queria!". Para finalizar, apanhem o próximo comboio para o Cais e chutem a primeira velha ou drogado pedinte que encontrarem. Mesmo nos dentes.



* - Atenção, usei a palavra "amigos" como uma expressão. Eu não vos considero meus amigos, nem tão pouco gosto da maioria de vocês. Achei que deviam saber, não quero ninguém a criar falsas esperanças e sonhos. Obrigado.
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